Com tantas vantagens, como é possível que não seja a prática comum?
Num mundo em mudança acelerada marcado pelas alterações climáticas, extinção continuada de elevados números de animais e plantas e degradação acentuada de solo fértil e produtivo, a humanidade enfrenta os maiores desafios de todos os tempos: mudar a forma como entende e trata o solo; mudar a forma como vê floresta e agricultura; mudar a forma como se alimenta; escolher bem o que consome, a quem compra e a que distância de sua casa.
Inspirada na natureza, a agroecologia ou agricultura regenerativa reúne num mesmo sistema produtivo árvores – silvicultura, e produção de hortícolas e animais – agricultura. Os diferentes elementos complementam-se e aumentam a resiliência do sistema, aumentando a biodiversidade e a capacidade de resposta a alterações no clima, a pragas, pestes e doenças, oferecendo ainda produtos diversificados e de grande qualidade, sem degradação do solo, aumentando a sua fertilidade.
A primeira grande barreira à adoção deste tipo de sistemas produtivos é a barreira mental, a barreira dos hábitos adquiridos. Infelizmente a maioria de nós cresceu a interiorizar a floresta e a agricultura como coisas separadas. Infelizmente, também os nossos governos observam as duas como áreas estanques, estando os apoios financeiros previstos para projetos de silvicultura (floresta com vocação de madeira para abate) ou agricultura (pomares, produção de legumes ou pecuária).
Em Portugal apenas é reconhecido um sistema agroflorestal – o montado – no sul de Portugal, onde temos sobreiros e porcos coexistindo em pastagens extensivas. Outros sistemas agroflorestais adaptados a outros ecossistemas com outros equilíbrios ecológicos no país não são apoiados, e são mesmo proibidos – ou floresta ou agricultura!
Ai de quem se lembrar de fazer coexistir por exemplo carvalhos e castanheiros enxertados para fruta! E ter lá pelo meio aromáticas e hortas e animais! Isto em termos de concorrer a apoios financeiros distribuídos pelo Estado Português. Se tivermos fundos próprios, então já podemos inovar. Depois apenas precisamos, se quisermos viver de uma produção sazonal diversificada e com pequenas quantidades produzidas, de sermos capazes de organizar mercados locais, e associações de pequenos produtores, e educar o público para comprar local e sazonal,… ou seja, de influenciar o mundo à nossa volta para estas problemáticas tão atuais.
Ora bem, é precisamente a isto que a Quinta Ecológica da Peneda se dedica. A implementar novos modos de produção sustentável de alimentos. E novas formas de estar vivo e ser feliz.
A desenhar, experimentar, produzir e aprender. A partilhar com o público os métodos e resultados, as aprendizagens, sucessos e insucessos. A implementar modelos de agroecologia regenerativa no norte de Portugal, especificamente no Alto Minho, em Arcos de Valdevez, nas cercanias do Parque Natural Peneda-Gerês.
Para fazer isto, precisamos de nos autofinanciar, especialmente neste anos de arranque do sistema, o que implica recursos financeiros para plantar e manter vivas centenas de árvores e arbustos, para infraestruturar sistemas de captação de águas e redes de rega, essenciais nos primeiros anos, para manter mato capinado de modo a dar oportunidade às novas plantas de se instalarem e à defesa em caso de incêndio, para vedar as áreas nos primeiros anos da penetração da fauna selvagem e também de vacas autóctones que pastoreiam livremente e adoram comer árvores jovens, para multiplicar centenas de arbustos e plantas aromáticas e medicinais para diversificação dos sistema, entre outros.
O nosso projeto de turismo sustentável cumpre assim as funções, por um lado de educar para os valores naturais e para o desenvolvimento da consciência, e por outro de apoiar o nosso autofinanciamento para podermos investir em construir sistemas agroflorestais funcionais e sustentáveis. Saiba mais aqui e aqui, passe bons momentos connosco e contribua dessa forma para o nosso trabalho em agricultura regenerativa!
Na prática, cada projeto agrogeológico de agricultura regenerativa pode ter diferentes formatos e podem parecer muitos diferentes uns dos outros. Em cada local específico, com o seu solo, o seu clima, as suas plantas presentes naturalmente, a sua biodiversidade, podem ser desenhadas diferentes combinações.
Em geral, no mundo, 3 tipos de sistemas agroflorestais são mais usuais:
Este último é a nossa ambição. Maioritariamente encontramo-nos a construir um sistema de agrisilvicultura, e esperamos pouco a pouco, no futuro podemos introduzir mais animais – para já temos galinhas!