Fala-se hoje de sustentabilidade. Viver de forma sustentável. Recusar um sistema que coloca em risco a capacidade de autorregulação da biosfera e a coesão social e os valores democráticos que tanto custaram a conquistar. E devemos recusar-nos a medir e valorizar as coisas apenas do ponto de vista financeiro e incluir métricas sociais e ambientais. * Mas todo este processo de integração de informação acontece no cérebro. Para que a mudança aconteça, é preciso também, e primeiro que tudo, compreender com o coração.
Muitos são os desafios à sobrevivência da vida tal como a conhecemos no nosso Planeta. As alterações climáticas ameaçam a sobrevivência de milhões de pessoas, animais e plantas, pois provocam episódios meteorológicos cada vez mais frequentes e extremos, tais como secas, incêndios e inundações. Os oceanos tornaram-se os grandes aterros de plástico do planeta, os quais também vêm os seus ecossistemas acidificados e deteriorados pelo aquecimento global, pela contaminação das águas por diferentes poluentes e derramamento de combustíveis e pela sobrepesca. A água potável e o ar que respiramos encontram-se cada vez mais poluídos, causando sérios impactos na saúde de pessoas e ecossistemas. Existe falta de água potável em imensos lugares no mundo, afetando a sobrevivência de pessoas e animais. Ao mesmo tempo que as nossas sociedades industrializadas esgotam recursos energéticos de forma poluente, grande parte da população no mundo não tem acesso a energia para suprir as necessidades mais básicas. A exploração excessiva dos recursos naturais colocou em perigo a segurança alimentar e o abastecimento de água potável. Uma percentagem assustadora de biodiversidade foi extinta devido à destruição de seus habitats naturais, à caça furtiva e à introdução de espécies invasoras. A ONU prevê que a população mundial passe de 8,5 bilhões de pessoas em 2030 e para além da pressão sobre os recursos naturais existe a considerar a poluição e a quantidade imensa de resíduos gerados aos quais é preciso dar um destino final adequado.
Estamos todos a descobrir quem realmente somos para além das histórias que carregamos. Histórias de diferentes experiências que tivemos nas nossas vidas. Histórias acerca das coisas que nos disseram. Sobre quem somos, o que precisamos, o que devemos esperar.
Para nos descobrirmos é preciso sermos capazes de ouvir aquela pequena voz interior. Que é a nosso guia para o nosso autêntico eu. Se não formos capazes de ouvir essa voz e, através dela, descobrir o mundo, arriscar, seguir o coração, cometer erros e aprender com eles, retirar verdadeiro sentido da Vida, então como será possível sermos solidários com toda a «outra» Vida, das outras pessoas, dos outros seres vivos e de este grande habitat comum que partilhamos, que é este Planeta incrível?
Caminhar sem ter presente a nossa essência, é como caminhar sem alma. E apenas caminhando pela vida com alma, com sentido de presença, com amor e gratidão, se consegue ser realmente feliz. E solidário. E gentil. E grato.
E só então se está realmente pronto para praticar uma vida sustentável. Somente quando se vive de modo autêntico e de acordo com a nossa essência, estamos livres para realmente amar, respeitar e valorizar a Vida neste Planeta.
E a sustentabilidade acontece.
Então, viver de modo sustentável é, antes de tudo, livrar-se de tudo o que está a mais. Todo o ruído, para se concentrar no que é suficiente. O suficiente para que se volte a ter tempo. Para ver o mundo com olhos de admiração novamente. E sentir-se abençoado. E grato.
Aqui e agora. Enraizado no presente.
Não dependemos das circunstâncias para sermos felizes. Dependemos de nossas escolhas para sermos felizes. Podemos escolher quem queremos ser.
Escolha sabiamente. Viva uma vida cheia de amor e gratidão. Cuide das pessoas. Cuide da terra. Partilhe com justiça. **
* https://youmatter.world/en/sustainability-environment-capitalism-economy-reinventing/
** Ética da Permacultura