
Inspiramo-nos nos princípios da agroecologia e da permacultura, buscando uma leitura holística e integrada do sistema natureza-homem.
A Quinta Ecológica da Peneda localiza-se nas franjas do Parque Nacional Peneda Gerês (Reserva Mundial da Biosfera), entre os rios Lima e Vez, no concelho de Arcos de Valdevez. Com uma área de cerca de 8 ha, distribuída entre as freguesias do Vale e Oliveira, dedica-se à produção em Modo Biológico de castanha, fruta variada, hortícolas, cogumelos e ervas aromáticas.
A agroecologia investe em elevados níveis de biodiversidade doméstica e selvagem e inspira-se nas sucessões naturais que ocorrem na natureza. O seu objetivo é obter, com entradas tendencialmente nulas de recursos externos ao sistema, rendimentos apelativos e autossustentados.
O templo de toda esta atividade é a manutenção de um solo vivo, que ofereça suporte a um ecossistema equilibrado e saudável.
Um agro-sistema destes é caracterizado por uma grande quantidade de produtos disponíveis sazonalmente em pequenas quantidades, ao contrário das monoculturas típicas agricultura convencional industrial, que disponibiliza habitualmente um único produto em grande quantidade.
Desenvolver esta forma de produzir alimentos envolve a atenção e observação constantes, a busca por fontes de conhecimento em livros, na internet e através da partilha com outros agricultores holísticos, e o desenvolvimento da intuição
Situada na freguesia do Vale, possui uma área com cerca de 6 hectares. Trata-se de um terreno de monte, Reserva Ecológica Nacional, antigo pinhal que ardeu cerca de 3 anos antes do início deste projeto, zona identificada no PDM como possuindo elevado risco de incêndio. Inicialmente composto por vegetação pioneira, essencialmente carqueja, urze e tojo. Inclui duas linhas de água não permanentes. Possui um declive médio de cerca de 25 %, observando-se sinais evidentes de erosão. O solo é franco-arenoso com grande quantidade de pedra de várias volumetrias. O pH apresentava-se muito ácido, o que confere baixa disponibilidade de nutrientes.
O desenho da intervenção inspira-se nos princípios da agroecologia e envolve a plantação de um povoamento misto, assumindo-se uma abordagem de produção centrada na valorização do ecossistema, na proteção do recurso solo, na potenciação dos produtos diversificados da agrofloresta, na defesa da mesma contra o incêndio e na promoção da biodiversidade florística e faunística.
Assim, numa primeira fase, encontram-se a ser plantados castanheiros enxertados para fruta, micorrizados na plantação com fungos pioneiros, e medronheiros e camecíperes em bordadura. As caldeiras das árvores estão a receber nesta fase de instalação bosta de vaca e estilha, bem como estão a ser instaladas plantas acumuladoras de nutrientes na sua proximidade. A rega é realizada gota-a-gota por gravidade a partir de uma lagoa de rega construída para acumular água da chuva. As duas galerias ripícolas, ao longo das linhas de água não permanentes, deverão ser recuperadas com a introdução de salgueiros, cerejeira brava, amieiros, vidoeiro, entre outras. Prevemos a introdução de plantas aromáticas e medicinais. Pretende-se instalar colmeias para reforço da polinização no ecossistema.
Situado na freguesia de Oliveira, possui uma área de cerca de 1 hectare e um declive médio de 25%. O desenho de plantação privilegiou a existência de uma grande diversidade de árvores de fruto plantadas em conjunto: nogueiras, macadâmia, avelã, abacate, laranjas, tangerinas e limões, maçãs e peras, damasco, pêssegos, marmelos, ameixas, diospiro, nêspera, cereja, castanha, maracujá, uvas, e pequenos frutos: mirtilos, framboesas e groselhas. Sempre que possível, apostou-se em variedades regionais autóctones. Foi semeada uma mistura de adubos verdes melhoradores do solo. Estão a serem introduzidas plantas aromáticas e medicinais. As áreas de bordadura do pomar estão a ser plantadas com sebes vivas: abrunheiro-bravo, pilriteiro, azereiro, sabugueiro, viburno, entre outros. Toda o pomar está a ser alvo de introdução de matéria orgânica nas linhas da curva de nível através da colocação de madeira de podas no chão. As caldeiras das árvores estão a receber nesta fase de instalação bosta de vaca e estilha, bem como estão a ser instaladas plantas acumuladoras dinamizas de nutrientes na sua proximidade. Estão a ser colocadas estacas de plantas diversas com o objetivo de fornecerem no futuro matéria orgânica adicional para cobrir o solo através da sua poda. Mais uma vez, inspiramo-nos nos princípios da agroecologia. O Pomar nesta fase de instalação e melhoramento do coberto do solo é regado gota a gota a partir de água de minas e furo.
Neste momento, as leiras planas dedicadas à horta integram cerca de 2000 m2, sendo regadas por gravidade gota a gota com água da mina da Quinta. O desenho de produção de hortícolas envolve conceitos de adubação verde, rotação, consociarão e compostagem, segundo os melhores princípios da agroecologia. As sementes utilizadas são maioritariamente recolhidas na própria Quinta.
Para apoiar a multiplicação de plantas por sementeira ou estacaria, bem como a sementeira de hortícolas para a horta, construímos uma pequena estufa-dome. Aqui temos a maior parte do ano plantas-bebé a crescer ou a aguardar a melhor altura para a sua instalação em local permanente!
Criadas ao ar livre, habitando um galinheiro móvel, as galinhas da Quinta ecológica cumprem a sua função no ecossistema, limpando culturas, trabalhando superficialmente o solo e regulando as populações de insetos, adicionando ainda fertilidade do solo de forma natural através dos seus dejetos. A sua alimentação é providenciada com produtos originados na própria Quinta, estando ausentes os antibióticos, hormonas e OGM’s. Periodicamente fornecem-nos belos e nutritivos ovos. O galinheiro móvel e a área de pasto rodam ao longo do ano nas leiras da horta e nos pomares, fomentando a adubação natural «direta».
As galinhas da Quinta Ecológica da Peneda são da raça Pedrês Portuguesa, uma raça autóctone muito interessante pela sua vitalidade, rusticidade e resistência a doenças e factores ambientais adversos.
Lentinula edodes (shiitake) cresce como saprófita em madeira de árvores, formando corpos de frutificação quando as condições ambientais são favoráveis. Aproveitando o corte de carvalhos e castanheiros existentes em áreas onde nos interessava diversificar o ecossistema, procedemos à inoculação de troncos. A natureza brinda-nos com cogumelos enormes e muito saborosos sempre … que lhe apetece, vamos ser honestos!
Agricultura biológica certificada
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